Planos de saúde querem aumento maior que inflação
As operadoras de planos de saúde estão tentando construir um discurso para justificar o aumento das mensalidades que será anunciado até maio. Se, nos anos anteriores, houve comoção em torno dos aumentos, sempre superiores à inflação, as empresas temem, agora, um desgaste ainda maior. Todas se perguntam como será possível explicar alta superior a 10% nos convênios diante de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) girando próximo de 3% no acumulado de 12 meses.
Na avaliação de Solange Mendes, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), qualquer reajuste inferior a 13% para os planos de saúde individuais será um baque para o caixa das empresas. Ela ressalta que, nos últimos 10 anos, a despeito dos aumentos das mensalidades ter superado o custo de vida, em seis deles as operadoras registraram prejuízos. “Infelizmente, temos que repassar os aumentos dos custos com a saúde para os planos”, diz.
Tanto em 2016 quanto em 2017, a correção dos convênios individuais, regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ficou em 13,5%. “A inflação da saúde, no entanto, girou entre 15% e 20%”, afirma Solange. “Com isso, nossas margens operacionais se reduziram muito”, acrescenta. O resultado disso é o fechamento de um número cada vez maior de pequenas operadoras, deixando milhares de pessoas sem convênios médicos e hospitalares.
Solange reconhece que os aumentos mais fortes dos planos — nos coletivos, a média superou os 20% — acabam inviabilizando o pagamento de mensalidades. Esse quadro se agravou depois que o país mergulhou na recessão, em 2014. Muita gente perdeu o emprego e a renda desabou. A partir de março do ano passado, no entanto, a maré começou a mudar. A reativação da economia permitiu o retorno de consumidores aos planos. Em janeiro último, foram 119,5 mil adesões.
Esse movimento, destaca a presidente da FenaSaúde, confirma o quanto o nível de atividade econômica move o mercado de planos de saúde. Se há retração do Produto Interno Bruto (PIB), imediatamente os brasileiros mais afetados abrem mão dos convênios médicos. Quando há crescimento, muitos buscam proteção, indicando a prioridade no caso da saúde.